PARA REFLETIR...
Ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Ninguém é obrigado a gostar do jeito do outro, de como o outro fala, lê, escreve.
Ninguém é obrigado a concordar com o outro. Ninguém é obrigado a gostar do modo como a outra pessoa pensa, de como ela encara a vida. Ninguém é obrigado a gostar dos valores escolhidos pelo outro.
...
Ninguém é obrigado a gostar do trabalho do outro, da maneira de falar do outro, de como o outro anda, sorri, olha, canta, dança, faz sei lá o quê.
No dia a dia acabamos nos esquecendo dessas obviedades.
Entender que jamais agradaremos a tudo e a todos e que as pessoas jamais nos agradarão sempre é essencial para nos convencermos de que o mundo não gira ao nosso redor, de que não somos deuses.
Estamos todos sujeitos a viver momentos de controle e manipulação alheia, em que não aceitamos as diferenças e até nos irritamos com elas.
É terrível quando queremos fazer valer nosso ponto de vista, como se ele fosse verdade suprema e inquestionável. E o outro que se adapte a nós. Viramos donos do mundo sem que o sejamos.
Além disso, nossa autovalorização excessiva alimenta em nós uma aversão severa às críticas, às frustrações, às situações diferentes daquelas que desejamos.
Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, repito. O respeito, sim, é obrigação. Quando o nosso não gostar se transforma em desrespeito, descumprimos um acordo. No mais, ninguém é obrigado a tolerar ou a aceitar ninguém. Somos livres. Ou ao menos deveríamos ser.
Porém, no mundo em que vivemos, se nos esvaziarmos de nós mesmos, se abrirmos mão apenas um pouquinho dos nossos caprichos e das nossas teorias para dar espaço ao outro – ainda que contra nossa vontade – viveremos mais em paz.
A renúncia de si mesmo pelo outro é um caminho e tanto para a felicidade. Por mais contraditório e difícil que possa parecer.
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